terça-feira, 28 de julho de 2009

A santidade que leva para os lados, não para cima!



"E por eles me santifico a mim mesmo, para que também
eles sejam santificados na verdade." João 17:19

Hoje é Domingo. Dia de reunir-me com a comunidade, a igreja. Não um dia para ir-se à igreja.

Acho que é por entendermos que vamos à igreja, numa atitude passiva, que nos vamos reunir com a igreja,
como quem vai ao supermercado, buscar só o que me convém, que nos esquecemos vez por outra, que igreja somos nós e que, esta, nunca fecha, nunca fica inactiva, nunca é um lugar, imóvel, plantada no chão, ou então é tudo e qualquer outra coisa, menos igreja.

Talvez dai também venha a ideia de que santificação, diz respeito ao meu exercício espiritual com implicações verticais, que apela à minha busca por Deus e onde é que eu ganho com tudo isso.


Assim sendo, posso cair no velho erro, feito religião, obrigação pretensamente espiritual, do quão vigorosamente fujo ou luto CONTRA OS OUTROS, para garantir a minha salvação, para que EU VEJA a Deus.


Se tem um bom dia para nos lembrarmos e aos companheiros de jornada de fé a respeito da verdadeira santidade, esse dia é hoje.


A santificação, "sem a qual ninguém verá o Senhor" para a qual nos apela o escritor de Hebreus (12:14), é aquelo que diz respeito à luta travada CONTRA nós mesmos e o nosso comodismo, o nosso bem-estar e prazer, pela salvação dos OUTROS, para que ELES VEJAM A DEUS (através de nós e do nosso serviço à eles). Aliás, como Jesus, declarou na sua oração sacerdotal em João 17 que fazia: aplicava-se ele, com todo o rigor de um devoto seguidor do Senhor Deus, para que não desviasse a sua atenção para o que era dos, e para os outros.


Como eu cantava quando pequeno (lógico, depois de ter passado aquela resmunguice por ter-me levantado cedo num dia sem escola e outras obrigações): "Hoje é Domingo, eu vou me aprontar,..." preparo-me para ir com os meus irmãos e, com eles, e à luz da Palavra, ser educado, animado, encorajado, exortado, não sobre como ir para o céu... mas sobre como ser melhor, como viver a praticar o "ser-se igreja".

Hoje, não desejo de jeito algum, na companhia da congregação, tentar convencer Deus a ser melhor do que já é. Ou então aprender técnicas (sejam orações, mandingas, mezinhas, simpatias evangélicas) para "dobrar" a Deus, ou domesticá-Lo para que atenda às minhas demandazinhas existenciais.

Não quero ser estimulado a fugir das pessoas, a isolar-me delas, a dar uma de santarrão e voltar as minhas costas para elas e as suas necessidades, tentando com isso, ganhar um "be-eme-dabliu" zero quilómetro nas ruas celestiais.

Hoje quero ser lembrado a não olhar para mim e para aquilo tudo que a mim diz respeito (isso já está garantido por Deus!), mas ser lembrado a servir, a aplicar-me a crescer e na direcção dos outros.

Aliás, exactamente como Jesus nos ensinou a fazer.

Bom Domingo!

O Evangelho de Barrabás




"...disse-lhes Pilatos: Qual quereis que vos solte?
Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?" Mt 27:17

Nunca sabermos ao certo quem foi o sujeito.

Mas é certo, segundo o que as Escrituras nos revelam, que Barrabás era um agitador, um dos cabeças de um determinado levante ou movimento social qualquer, que culminou na morte de alguém e, segundo João, um ladrão, roubador, um bandido "notório".

Nem imagino se era feio como pintou-o Mel Gibson no seu recente "The Passion of The Christ", mas o que sempre chamou-me a impressão, foi o fato do povão, que seguia Jesus, que bebia dele, que ouvia o que ele falava, que fora servido por ele e que, dias antes o aclamara na sua entrada triunfal em Jerusalém, a babar-lhe: "Hosana, hosana ao que vem em nome do Senhor!" trocou-o pelo enfim bandoleiro.

Parece certo, na minha perspectiva, que naquele momento de decisão, o povo teve uma antevisão do que estava em jogo: A cruz - ou Jesus - com os seus benefícios e perspectivas espirituais, subjetivos ou adiados para uma realidade incerta e improvável como o céu - e ao que Barrabás representava - uma ética questionável, mas algo mais terra-a-terra, mais próximo da turba, algo bem mais de encontro aos benefícios pessoais imediatos que povoam os sonhos dos simples mortais.

Barrabás era, por certo, alguém com algum apelo popular - que agradava ao povo (imagino eu que o motim, de que era acusado de participar, como quase todo, partia de algum apelo reinvidicatório e de encontro às conveniências, senão da maioria, ao menos de um bom grupo).

Ele era talvez, como desses, igual a centenas de políticos que, apesar de roubarem, trapacearem, tirarem proveito do que não lhes pertence, contrariamente ao que seria lógico imaginar, ainda fazem sucesso, viram até heróis, por terem conseguido chegar lá, como uma raposa à porta do galinheiro, ao pote de ouro ao fim do arco íris, aos benefícios, às mordomias, ao sonho, venha da maneira que vier, pondo a mão (que podia bem ser a nossa!) em muita coisa apetecível.


Ao ouvir as pregações dos bandidos de paletó, gravata e Bíblia na mão, chego a ouvir o "Qual quereis? Jesus ou Barrabás?". A cruz, o céu, a paz com Deus (e as perseguições, o abrir mão das regalias, dos direitos, o amar por obrigação, não por prazer, o perdoar, o andar a segunda milha...), ou a conveniência, o chão, a paz dos "Vasliuns" e dos "Prozacs"*, ou o torpor trazido pela fantasia da glória humana realizada?

O servir ao que prometia a cruz e o cálice de gosto intragável,... ou a ética condenável mas conveniente do bandido que está onde eu desejava estar (afinal, desde lá, bonzinho só se ferra. Bandido que é bandido, dá-se sempre bem).

E a malta, como naquele dia, na sua maioria, preferiu o outro evangelho, a "outra boa notícia" - a que vale a pena saciarmos o ventre, realizar o gosto que, afinal, dá-se sempre um "jeitinho" e livra-se a cara, safa-se das possíveis consequências. A vida nos ensina isso. A história prova-o.

Luta por luta, vamos mais saciar o nosso desejo, o nosso ventre (só temos uma vida, não?).

E que ninguém se engane: Essa decisão se nos apresenta a todo instante. O preço da vida com Cristo e os benefícios de preço algum.

Ah! E me perdoe, Edir Macedo. Mas, riqueza, poder e número de seguidores não são ainda, sinais da aprovação e bênção de Deus à vida de ninguém. Se assim fosse, Barrabás, certamente, não contaria com a aprovação da maioria. E não também escaparia naquele dia maldito.

PS: Valium e Prozac são marcas registradas dos laboratórios Roche e Lilly, respectivamente, e não estão a pagar nada pela referência! Ainda não estou fazendo dinheiro com o que creio. Nem pretendo!

Bobagens que cantamos por aí



Que peculiar é a situação do apóstolo Paulo! "Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação" (Fp 4: 11). Paulo é categórico: "APRENDI a viver contente". Não que ele gostasse das catástrofes que marcaram seus dias de crente aqui; apenas entendia o curso deste tenebroso mundo avesso a Jesus, e prosseguia. "Sei o que é estar necessitado e sei também o que é ter mais do que preciso, aprendi o segredo de me sentir contente (...) quer esteja alimentado ou com fome" (Fp 4: 12).

O apóstolo dos gentios aprendeu a viver contente, pois viveu para o Senhor, e não bajulava o próprio ventre. Ele trabalhou mais, plantou igrejas mais que todos, e foi capaz, em Deus, de proferir: "Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação" (Fp 4: 13).

Jamais encontraremos Paulo entoando musiquetas anestésicas do tipo: “Vai dar tudo certo!”, isso porque as pessoas sérias - e o Evangelho está cheio de gente séria - sabem que isso não é verdade; nem sempre vai dar tudo certo. Todos nós passaremos por aflições (Jo 16.33). Curioso é que a mesma música que falsamente afirma que tudo vai dar certo, também lamenta: “Sei que a vida não é só de momentos bons: há tempos difíceis. A vida é mesmo assim...” Uai! Mas, não ia dar tudo certo?


Bobagens que cantamos.

Entre os absurdos da Confissão Positiva, madrasta da teoria da restituição, está esta canção-oração: "Restitui, eu quero de volta o que é meu..." Mas, o que exatamente o novo homem deixou de bom lá atrás pra aporrinhar Deus pedindo de volta? Parece a mulher de Ló ao deixar Sodoma. O que perdi e quero de volta? Um ministério falido? Um casamento conspurcado? Um negócio escuso e cambaleante? A namorada que se mandou?

Pois eu quero tudo novinho em folha (2Co 5.17)! O Cristo a quem eu sirvo me prometeu, e Ele cumprirá. Eu quero um casamento novo todo dia (com a mesma mulher!), um ministério com nome do céu e não de homens, flagrante macabro do autoculto. "Importa que eu diminua".


Bobagens e mais bobagens...

Nem a ordem eterna e soberana dos Céus é respeitada. “Põe um anjo aqui Senhor, põe um anjo lá, um anjo na porta e outro no altar...” O que é isso, minha gente? Acaso estamos em condições de dar ordens em Deus? Além disso, essa musiqueta parece até escalação de time de futebol de várzea!

E a igreja vai assim, de bobagem em bobagem, contaminada pela “batalha espiritual”, que aliás é outro equívoco. A classe de catecúmenos está às moscas, mas experimente anunciar um curso de “batalha espiritual” para ver: Vai bombar!


Viva o besteirol gospel!

A passagem de Romanos 16.20, “E Deus, logo esmagará satanás debaixo dos pés de vocês”, deveria encerrar de vez as loucuras cantadas por aí. É Deus, e não nós, quem esmagará Satanás; até o gesto “gospel” da Fernanda Brum é esquisito. A mesma “ensina” que anjos recebem ordens de humanos (DVD apenas um toque). E a patota “gospel” abusa, sem temor nem limites. A presença de Deus, o Soberano, é tratada como se trata um “despastor” qualquer; pop-gospel que se preza deixa Deus tomando chá de cadeira.

Aí, quando penso que os tropeços acabaram, a emissora “gospel”, cujo proprietário também gerencia a seção de títulos celestiais, toca "Rompendo em fé", uma belíssima canção que, por força do hábito (um hábito ruim), declara: “Se diante de mim, não se abrir o mar, Deus vai me fazer andar por sobre as águas”. Claro que Deus é soberano pra fazer o que bem entender, inclusive para abrir o mar, me fazer andar por sobre as águas, etc... Porém, o que escapa aqui é a afirmação de que se o mar não se abrir, Deus usará o plano B. Mas... desde quando Deus precisa de plano B?


Precisamos meditar melhor nas letras que cantamos, pois corremos o risco de, ao invés de agradar a Deus adorá-lo, acabar afrontando o Todo Poderoso com a nossa bendita música gospel.



***
Adaptado do texto de Alexandre Magno A. Duarte, no site Ultimato.

O Evangelho de Barrabás



"...disse-lhes Pilatos: Qual quereis que vos solte?
Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?" Mt 27:17

Nunca sabermos ao certo quem foi o sujeito.

Mas é certo, segundo o que as Escrituras nos revelam, que Barrabás era um agitador, um dos cabeças de um determinado levante ou movimento social qualquer, que culminou na morte de alguém e, segundo João, um ladrão, roubador, um bandido "notório".

Nem imagino se era feio como pintou-o Mel Gibson no seu recente "The Passion of The Christ", mas o que sempre chamou-me a impressão, foi o fato do povão, que seguia Jesus, que bebia dele, que ouvia o que ele falava, que fora servido por ele e que, dias antes o aclamara na sua entrada triunfal em Jerusalém, a babar-lhe: "Hosana, hosana ao que vem em nome do Senhor!" trocou-o pelo enfim bandoleiro.

Parece certo, na minha perspectiva, que naquele momento de decisão, o povo teve uma antevisão do que estava em jogo: A cruz - ou Jesus - com os seus benefícios e perspectivas espirituais, subjetivos ou adiados para uma realidade incerta e improvável como o céu - e ao que Barrabás representava - uma ética questionável, mas algo mais terra-a-terra, mais próximo da turba, algo bem mais de encontro aos benefícios pessoais imediatos que povoam os sonhos dos simples mortais.

Barrabás era, por certo, alguém com algum apelo popular - que agradava ao povo (imagino eu que o motim, de que era acusado de participar, como quase todo, partia de algum apelo reinvidicatório e de encontro às conveniências, senão da maioria, ao menos de um bom grupo).

Ele era talvez, como desses, igual a centenas de políticos que, apesar de roubarem, trapacearem, tirarem proveito do que não lhes pertence, contrariamente ao que seria lógico imaginar, ainda fazem sucesso, viram até heróis, por terem conseguido chegar lá, como uma raposa à porta do galinheiro, ao pote de ouro ao fim do arco íris, aos benefícios, às mordomias, ao sonho, venha da maneira que vier, pondo a mão (que podia bem ser a nossa!) em muita coisa apetecível.


Ao ouvir as pregações dos bandidos de paletó, gravata e Bíblia na mão, chego a ouvir o "Qual quereis? Jesus ou Barrabás?". A cruz, o céu, a paz com Deus (e as perseguições, o abrir mão das regalias, dos direitos, o amar por obrigação, não por prazer, o perdoar, o andar a segunda milha...), ou a conveniência, o chão, a paz dos "Vasliuns" e dos "Prozacs"*, ou o torpor trazido pela fantasia da glória humana realizada?

O servir ao que prometia a cruz e o cálice de gosto intragável,... ou a ética condenável mas conveniente do bandido que está onde eu desejava estar (afinal, desde lá, bonzinho só se ferra. Bandido que é bandido, dá-se sempre bem).

E a malta, como naquele dia, na sua maioria, preferiu o outro evangelho, a "outra boa notícia" - a que vale a pena saciarmos o ventre, realizar o gosto que, afinal, dá-se sempre um "jeitinho" e livra-se a cara, safa-se das possíveis consequências. A vida nos ensina isso. A história prova-o.

Luta por luta, vamos mais saciar o nosso desejo, o nosso ventre (só temos uma vida, não?).

E que ninguém se engane: Essa decisão se nos apresenta a todo instante. O preço da vida com Cristo e os benefícios de preço algum.

Ah! E me perdoe, Edir Macedo. Mas, riqueza, poder e número de seguidores não são ainda, sinais da aprovação e bênção de Deus à vida de ninguém. Se assim fosse, Barrabás, certamente, não contaria com a aprovação da maioria. E não também escaparia naquele dia maldito.

PS: Valium e Prozac são marcas registradas dos laboratórios Roche e Lilly, respectivamente, e não estão a pagar nada pela referência! Ainda não estou fazendo dinheiro com o que creio. Nem pretendo!